Resenha: Um Dia Perfeito
Seria cômico se não fosse trágico, é o velho ditado popular, não é? Um Dia Perfeito consegue ser ambos. Ao mesmo tempo em que ele traz para o público um assunto sério, consegue dar as pitadas de humor sem forçar a barra, o que é o mais difícil em um caso como esse.
A história acontece “em algum lugar nos Bálcãs” em 1995. Um grupo de ajuda humanitária se depara com um problemão: Um corpo jogado em um poço apresenta um risco de contaminação da água que abastece o local, e a missão aparentemente simples de retirar o corpo e realizar os procedimentos para que a população continue usufruindo desse bem tão precioso se torna muito mais difícil do que parece.
O filme é basicamente isso. As dificuldades que o grupo enfrenta para atingir esse objetivo, ora por conflito de interesses, ora pela burocracia vinda dos que estão do mesmo lado que eles (será mesmo?), mas com um enredo simples assim, o diretor Fernando León de Aranoa optou pela filosofia “menos é mais” e conseguiu prender a atenção do público. É uma comédia estrangeira, porém, não é um descaso ou um deboche da situação trágica pela qual os habitantes locais estão passando. O humor está principalmente nas situações vividas pelo grupo humanitário composto pelo líder Mambrú (Benicio Del Toro), o experiente B (Tim Robbins), a novata Sophie (Mélanie Thierry), o intérprete Damir (Fedja Stukan) e a bela analista Katya (Olga Kurylenko), com quem Mambrú tem uma história mal resolvida e chega de surpresa para acompanhar os demais.
A ajuda humanitária é vista pela maioria de nós de uma forma muito bela, e isso é bom, pois esse trabalho foi e continua sendo aquela faísca de esperança de que podemos acreditar em pessoas trabalhando por um mundo melhor, mas vemos que eles também são humanos, com todos os sentimentos que vem junto com isso: Raiva, medo, alegria, compaixão, tristeza, e é isso que torna alguns momentos divertidos, com reações inesperadas e diálogos irônicos. É um trabalho difícil, e em momento algum pensamos o contrário, torcemos por esses heróis anônimos o tempo todo, e entendemos que há muita gente na vida real fazendo o que esse grupo faz, e nos lembrar desse fato é mais um ponto positivo do filme.
Nem todo herói usa capa, e algumas vezes o trabalho do herói é retirar um corpo de um poço. (Imagem: Divulgação) |
O contraste entre o individualismo e o altruísmo é muito forte nessa história e algumas cenas nos fazem pensar que não há limite para o egoísmo e a ambição humana, a ponto de vermos pessoas tendo atitudes que vão prejudicar a elas mesmas enquanto tentam tirar proveito de outras e, ao mesmo tempo, temos aqueles com as melhores das intenções, longe de suas casas e de suas “vidas reais” para tentar tornar melhores as vidas de desconhecidos. ou um pouco mais suportáveis, pelo menos.
A trilha sonora do filme é pop e maravilhosa, contando com músicas de Ramones (Pinhead), The Velvet Underground (Venus in Furs) , a incrível versão de Sweet Dreams por Marilyn Manson, entre outras que combinam perfeitamente com cada momento em que são inseridas.
Então é isso! Aproveite que seu dia está sendo mais fácil do que o desse pessoal e reserve um tempinho para assistir esse filme! Embora a história se passe mais de vinte anos atrás, sabemos que o tema (infelizmente) ainda é atual, pois há muitos lugares nesse mundo passando por situações parecidas, e que bom que se os problemas ainda estão por aí, heróis como os do grupo de ajuda humanitária também estão! Torçam por eles assim como provavelmente vão torcer por Mandrú e seu pessoal!
Tom Dutra
Parece bom. Vou ver se rola numa sessão em família, na qual a gente come enquanto assiste o filme. As videolocadoras se foram, mas o espírito não. 😊
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