Dica de Filme: Bem-Vindos De Novo
Olá, gente amiga! A dica de hoje é o documentário "Bem-Vindos de Novo" com direção de Marcos Yoshi, que estreia nos cinemas amanhã (15/06). Os pais do diretor, em busca de uma vida mais confortável para sua família, vão para o Japão, deixando no Brasil seus três filhos no início dos anos 2000 para voltar 13 anos depois, mas será que o casal (Roberto e Yayoko Yoshikaki) tinham total consciência do que teriam que abrir mão para isso? Fariam tudo isso novamente ou escolheriam um caminho diferente?
Marcos nos apresenta uma história pessoal, que serve de reflexão para todos nós, e através de seus registros tão particulares, revisitamos toda essa trajetória que é sobre família, escolhas e recomeços. Abaixo vocês conferem mais detalhes sobre a produção e o trailer do filme, fica a dica do Tom!
Ao mesmo tempo, extremamente pessoal, mas também universal, o documentário acompanha a família do próprio Yoshi, que se reencontra 13 anos após separados, quando os pais, Roberto Shinhti Yoshisaki e Yayoko Yoshisaki, retornam do Japão, onde foram trabalhar. Nesse momento, de sentimentos novos e redescobertas, o filme começa a sua narrativa.
“Eu intuía que se eu conseguisse ser o mais justo possível com as relações humanas dentro da família, e o mais honesto possível com os sentimentos e as emoções – o que não é nada fácil –, tudo isso ressoaria nas pessoas. Além disso, tem a questão da imigração, que é um tema central do mundo de hoje. Especificamente, identificava que a separação familiar causada pelo deslocamento, seja forçado ou por questões econômicas, é muito presente na migração de nordestinos para o sudeste”, conta o diretor, que começou o longa em 2015.
Ao longo desses anos, Yoshi filmou sua família, mas também resgatou vídeos da sua infância e adolescência que faziam parte do acervo doméstico, assim, BEM-VINDOS DE NOVO consegue contrapor passado e presente, mostrando as mudanças e permanências.
Yoshi conta que, durante os dois primeiros anos que passou filmando os pais, eles estranharam um pouco o que estava acontecendo, e diziam que ninguém iria querer ver o filme, chegando até a sugerir contratarem atores para fazer o papel deles.
“No entanto, apesar dessa espécie de falta de crença no resultado do trabalho, eles jamais se negaram aos pedidos relacionados à realização do filme. Meus pais, principalmente, sempre foram extremamente generosos. Era um misto de confiança absoluta com o desejo de ajudar. Uma combinação de culpa pelos anos de ausência, que se traduzia por vezes em uma disponibilidade irrestrita, com o desejo de ver o filho realizado. Afinal, se eles se sacrificaram tanto para oferecer educação para os filhos, não seria a nossa realização profissional uma espécie de recompensa final para eles?”
Colocar a própria família, em cena, no entanto, foi também um processo de descoberta e aceitação para o próprio cineasta, que, em alguns momentos, se perguntava se o filme não acabava explorando o sofrimento familiar.
“Até que percebi que o longa poderia ser um espaço de acolhimento para essas dores. Um filme em que o fracasso pudesse ser aceito, e talvez até mesmo ressignificado. Porque o fracasso é parte constituinte da história da minha família (e quem sabe até mesmo do nosso país?), mas jamais foi tema de reflexões para além das cobranças que ele motiva. Queria pensar no fracasso como a possibilidade não só de aceitar a vulnerabilidade das pessoas, mas fazer disso uma ética e uma política.”
Yoshi também aponta que este é um filme sobre acolhimento e compreensão mútua, sem ignorar, no entanto, dores e traumas do passado. E, nesse sentido, ele pensa no filme em relação ao Brasil polarizado atual – algumas vezes, isso se reflete numa família.
“É como se a gente voltasse a ser desconhecidos uns para os outros, assim como era a relação entre meus pais e nós, os filhos. Enquanto país, sinto que somos desconhecidos e precisamos nos conhecer de novo”, conclui.
CONFIRA O TRAILER:
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