Dica do Gabriel - Cinema: A Prece
Para a dica de hoje convidei meu amigo Gabriel Danius do canal Crítica Falada para indicar um filme, e o escolhido foi A Prece, vejam o que ele achou abaixo e no final, mais informações dessa produção, lançada aqui no Brasil pela Imovision.
A Prece é dirigido por Cédric Kahn e retrata o encontro com a fé e a fraternidade como programa de vida para jovem viciado em drogas. Inspirado em experiências reais, o longa foi agraciado com o prêmio Urso de Prata de Melhor Ator para Anthony Bajon no último Festival de Cinema de Berlim.
Você certamente vai correr o risco de se questionar com a história do jovem Thomas, de 22 anos, um viciado em drogas no seu último estágio, o do fundo do poço emocional, que aceita se submeter ao tratamento de recuperação e isolamento da comunidade dirigida por sua lendária freira, no alto das montanhas, na região de Isère, na França.
Sabe-se lá por quais caminhos Thomas chegou ali, mas logo se descobrirá que a fé difundida naquela comunidade é capaz de despertar naqueles jovens o espírito de fraternidade como um caminho para a reconstrução de laços sociais. Foi essa relação que inspirou o ator e diretor francês, Cédric Kahn, mesmo diretor de “Vida Selvagem”, a produzir o longa. “À primeira vista, supomos que as drogas e a fé são duas coisas muito diferentes, mas na verdade há muito crossover e me interessei por essa história”, disse o diretor em uma recente entrevista em seu país.
De início, vemos um jovem descrente, angustiado e revoltado pela rejeição social e a incerteza da libertação do vício. Um tempo depois, Thomas mergulha na dinâmica da vida comunitária de oração e de partilha com os outros jovens, filhos vindos de boas famílias, de várias nacionalidades, que chegam ali como uns meninos de rua e aprendem a disciplina pela acolhida e valores cristãos.
Com Thomas assistiremos esse impacto que, mediado por um importante apoio, um companheiro veterano encarnado no papel de anjo da guarda que guia o acolhido na jornada permeada pela máxima do célebre São Bento por seu ‘Ora et labora’ ou reza e trabalha. Este anjo, também visivelmente em combate consigo, é o primeiro a acudi-lo nos momentos de crise, próprios de quem se submete à abstinência dos narcóticos para alcançar domínio físico e mental.
Além da relação com a fé e as questões de religião, a força de vontade do protagonista que assume as regras da vida da comunidade é ponto alto da saga; daí ele passa a se solidarizar com quem, outrora como ele, acaba de chegar.
A sequência do dia de confraternização entre os rapazes e as moças da comunidade prepara Thomas para o encontro marcante com a madre de voz afável que especula sua situação e o confronta, com seu jeito próprio, na raiz de suas incertezas e provoca sua epifania.
Por fim, Cédric Kahn capta em tela de sétima arte a difícil decisão do personagem, já imbuído do espírito da fraternidade cristã, que poderá surpreender a todos, mas a mensagem de reflexão sobre as questões da fé é uma certeza.
Quem lida com o problema das drogas diz que o filme é ‘instigante’, sobretudo, pelo método promissor da terapia recorrente em tantas casas de acolhida mundo afora. Foi justamente a relação entre os estágios da terapia a viciados em drogas e a religião que inspirou o cineasta a tecer a comovente história. “O que me inspirou: a jornada desses jovens em direção à fé. Ouvi grupos religiosos que ajudam viciados e foram suas histórias pessoais que me deram a ideia de que haveria um filme a ser feito”.
* Dica por Gabriel Danius, ilustrada por Tom Dutra
* Informações cedidas pela Imovision
* Informações cedidas pela Imovision
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