Autores brasileiros lançam livro-reportagem em quadrinhos sobre os sobreviventes da bomba atômica
Gente amiga, aqui está uma dica que eu tenho muito gosto em trazer para vocês por vários motivos, entre eles a importância histórica considerando que estamos no ano em que o bombardeio atômico de Hiroshima, o primeiro da história da humanidade, completa 75 anos e, claro, o talento de Ligia Zanella, artista que admiro desde que li uma HQ sua pela primeira vez e cujos trabalhos estou sempre acompanhando e recomendando pela beleza e sensibilidade em suas histórias e seus traços! Trata-se de HIBAKUSHA, reportagem em quadrinhos idealizada pelo jornalista e professor universitário Guilherme Profeta com relatos de sobreviventes do bombardeio de Hiroshima, vejam só! Confiram mais detalhes no texto completo abaixo!
Já está disponível para reserva desde o dia 12 de março, em sistema de crowdfunding, o livro-reportagem Projeto Hibakusha, que contará em forma de história em quadrinhos os relatos de sobreviventes do bombardeio de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945. A bomba atômica, a primeira usada para a guerra em toda a história da humanidade, matou cerca de 70 mil pessoas instantaneamente, começando a dar um fim para a Segunda Guerra Mundial.
“Em Projeto Hibakusha, nós vamos acompanhar a história de um jornalista brasileiro enquanto ele tenta encontrar respostas para algumas perguntas: o que a bomba atômica significou para as pessoas que estavam lá naquele dia histórico — quem são elas e que tipo de sentido elas extraíram daquela experiência terrível? E quais sentidos restam para nós construirmos a partir da barbárie, 75 anos depois da explosão?”, conta o idealizador do projeto, o jornalista e professor universitário Guilherme Profeta, que assina a reportagem e o roteiro do livro, o seu terceiro título publicado em forma de quadrinhos. Já a arte é de autoria da quadrinista Ligia Zanella, autora da série Calendar (2017, 2018 e 2019) e de outros vários títulos. O projeto gráfico, por sua vez, leva a assinatura da designer Priscila Nakajima, cuja família é originária de Hiroshima. Ela já colaborou com Profeta e Zanella em outros dois títulos prévios, incluindo a HQ inaugural do trio, Melissa em Ellipsia (2016).
A equipe editorial conta que o livro, de 160 páginas, foi concebido e produzido num período de aproximadamente dois anos, entre 2018 e 2020, incluindo a observação em campo, no Japão, e entrevistas com dois sobreviventes que atualmente residem na cidade de São Paulo.
Takashi Morita, 96, fundador e presidente da Associação Hibakusha Brasil pela Paz — que reúne sobreviventes da bomba atômica no Brasil —, era um jovem de apenas 21 anos quando a bomba explodiu. Como membro da Polícia Militar do Exército Imperial, ele estava em Hiroshima no fatídico 6 de agosto, a 1.300 metros do epicentro. Ele presenciou em primeira mão todos os horrores da bomba atômica: a cidade em chamas, o dia que virou noite, a chuva negra, os corpos carbonizados, as pessoas caminhando trôpegas como zumbis, os rios cheios de cadáveres. Esses são alguns dos acontecimentos que serão relatados no livro.
Além de Morita, também foi entrevistada para a publicação a sobrevivente Junko Watanabe, 77, que faz parte de outra geração de hibakusha (como são chamadas as pessoas afetadas pela explosão nuclear). Em 1945, ela era apenas uma criança, mas apesar das memórias incompletas, ela também sofreu as consequências da bomba. Tendo sobrevivido, Watanabe tomou para si a responsabilidade de levar adiante a luta da menina Sadako Sasaki, a famosa colegial japonesa que motivou a construção do Monumento das Crianças pela Paz, no Parque da Paz de Hiroshima, após ter morrido de leucemia aos 12 anos, em decorrência da exposição à radiação.
A publicação do livro está planejada para julho de 2020, um mês antes do aniversário de 75 anos do bombardeio de Hiroshima. Os interessados em reservar uma cópia já podem fazê-lo pelo link www.catarse.me/hibakusha. A opção básica de aporte, cuja recompensa inclui livro e marca-páginas, sai por R$40 com frete incluso para todo o Brasil.
COMO APOIAR
Os autores explicam que a publicação se dará por meio de uma campanha de crowdfunding (ou, em português, financiamento coletivo): “Essa é uma modalidade de publicação razoavelmente nova e altamente democrática, em que os produtores culturais propõem projetos diretamente ao público-alvo, sem necessariamente precisar dos intermediários tradicionais, como, por exemplo, as grandes editoras. O resultado é um ambiente criativo e colaborativo, em que o público tem acesso a materiais experimentais e exclusivos. Vale lembrar que não se trata de uma simples compra, mas de um projeto do qual o leitor, como apoiador, também se torna parte.”
O projeto está disponível na plataforma Catarse, que, com quase 12 mil projetos culturais já realizados até o momento, é a maior do país voltada a esse tipo de financiamento. Ao entrar na página do livro na plataforma, os leitores terão a opção de reservar uma cópia simples ou pacotes com recompensas extras, como prints assinados e outras publicações dos autores. Basta fazer login e escolher o valor correspondente ao pacote desejado. A campanha prossegue online até 11 de maio.
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