Crítica: Uma Noite de 12 Anos - por Angelo Cordeiro
Meu grande amigo Angelo Cordeiro foi conferir o filme "Uma Noite de 12 Anos" e é dele a crítica que vocês conferem abaixo!
Dirigido por Álvaro Brechner, Uma Noite de 12 Anos mostra todo o sofrimento pelos quais os membros do grupo guerrilheiro Tupamaros, José Mujica (Antonio de la Torre), Mauricio Rosencof (Chino Darín) e Eleuterio Fernández Huidobro (Alfonso Tort), passaram na prisão durante os doze anos da ditadura militar que assolou o Uruguai, sendo proibidos de conversar entre si ou com os guardas e privados até mesmo de ver a luz do dia e as estrelas à noite.
Todo esse isolamento levou o trio a se comunicar por meio de batidas na parede, criando um alfabeto sonoro próprio para que pudessem comentar sobre quaisquer coisas, seja quantos guardas haviam do lado de fora das celas e até sobre o preço de uma TV em um anúncio de jornal velho.
Apesar das ótimas atuações do trio principal, aliadas ao trabalho de maquiagem que os deixa com o físico quase que raquítico - reflexo dos doze anos de reclusão - falta ao roteiro nos mostrar quais as reais intenções e motivos disso tudo.
O que os guerrilheiros fizeram para serem presos? Por que o governo militar - personificado no militar vivido por César Troncoso - os manteve presos por tanto tempo? Por mais árdua que tenha sido a experiência vivida pelo trio, o filme acaba ficando vazio por vermos repetidas vezes as mesmas coisas.
Claro que em tempos de ditadura qualquer coisa é motivo para levar alguém à prisão e doze anos de reclusão e isolamento não devem render histórias complexas a serem contadas pelos detentos já que não é nenhum filme de Hollywood, mas Uma Noite de 12 Anos nos priva de certos detalhes extra-enclausuramento que deixariam a história mais às claras.
De qualquer forma, Uma Noite de 12 Anos é um filme que, embora seja uma coprodução Argentina-Uruguai-Espanha, chega em um momento de alerta para o Brasil, onde um dos nossos candidatos ao cargo de presidente brada o nome de um torturador em pleno Congresso nacional e ainda lidera as pesquisas.
Uma época que muitos deveriam sentir vergonha e que José Mujica, ex-presidente do Uruguai, Mauricio Rosencof, diretor de cultura de Montevidéu, e Eleuterio Fernández Huidobro, ex-ministro da Defesa uruguaio, hoje falecido, conseguiram resistir bravamente se apegando ao mínimo que tinham.
Confiram o Trailer:
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