Somente o Necessário: Mogli inspira novo trabalho de Marcelo Zocchio que chega ao MAC USP em setembro
O que dizer sobre uma instalação inspirada em uma de minhas músicas favoritas que faz parte de um dos meus clássicos favoritos? Mal posso esperar para ver esse novo trabalho de Marcelo Zocchio, confiram a notícia completa:
SOMENTE O NECESSÁRIO
Instalação de Marcelo Zocchio no MAC USP cria narrativa com imagens, objetos e sobras para investigar ideias de uso e descarte
“Eu uso o necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais” |
Em um momento clássico da animação Mogli, o Menino-Lobo, da Disney, o urso Baloo antecipa a ideia de sustentabilidade. Dançando, ele sacode uma árvore para fazer uma fruta cair em sua mão, alivia a coceira das costas se esfregando num tronco e canta que usa somente o necessário, ou seja, o que a natureza oferece, para satisfazer suas necessidades. Acrescenta o que acha da tendência humana ao abuso dos recursos: “O extraordinário é demais”.
Vista e revista dezenas de vezes com os filhos pequenos, a cena inspira e dá nome ao novo trabalho do artista Marcelo Zocchio, que abre no MAC USP dia 2 de setembro. As ideias de uso racional dos recursos naturais e reuso de materiais descartados fundamentam e diferenciam sua prática à frente da marcenaria artesanal em que constrói objetos e móveis usando apenas madeiras descartadas de alta qualidade. As mesmas ideias contaminam sua pesquisa artística, relacionada à fotografia e à escultura.
A instalação Somente o Necessário surge de um exercício sugerido pelo dia-a-dia da marcenaria e pela noção de economia de material, mas radicaliza e vai além de ambos. As obras partem do desafio auto-imposto de construir objetos de madeira maciça reaproveitada com um mínimo de sobras possível. A fotografia registra o material inicial e o processo de produção de cinco objetos: três cadeiras, uma mesa e um cabideiro. As sobras, que em outra circunstância seriam consideradas lixo, ganham aqui novo significado, compondo arranjos que integram a obra de arte.
Nada se perde em Somente o Necessário: todo o material selecionado no início é aproveitado até o final. Cada uma das cinco obras da instalação é composta por três elementos, que criam uma narrativa: a imagem fotográfica da matéria-prima inicial; o objeto; e as sobras, arranjadas em híbridos de fotografia e tridimensional. O resultado é, ao mesmo tempo, um exercício estético e uma reflexão sobre uso e descarte, novo e velho, forma e função, real e virtual.
Em consonância com o espírito da investigação do artista, os objetos – mesa, cadeiras, cabideiro – não têm estatuto de obra de arte intocável na exposição. Ao contrário: os visitantes são convidados a utilizá-los para sentar-se, apoiar-se, ler, pendurar bolsas e casacos, e, assim, poderem demorar-se na instalação.
O Artista
Contemplada pelo ProAC 2016 (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado), Somente o Necessário dá sequência a uma investigação iniciada por Marcelo Zocchio em séries anteriores. Utilizando a fotografia e a marcenaria, o artista produz trabalhos a partir de narrativas relacionadas a processos de transformação e reutilização da madeira. Suas séries Utilidades Domésticas (2005 - 2011) e Segunda Mão (2010 - 2011) investigam os diálogos possíveis entre imagem fotográfica e forma tridimensional.
O Artista
Contemplada pelo ProAC 2016 (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado), Somente o Necessário dá sequência a uma investigação iniciada por Marcelo Zocchio em séries anteriores. Utilizando a fotografia e a marcenaria, o artista produz trabalhos a partir de narrativas relacionadas a processos de transformação e reutilização da madeira. Suas séries Utilidades Domésticas (2005 - 2011) e Segunda Mão (2010 - 2011) investigam os diálogos possíveis entre imagem fotográfica e forma tridimensional.
O processo de criação dessas obras se inicia com a seleção de madeira maciça de qualidade – ripas, caibros, vigas, sarrafos, tábuas – encontrada em caçambas de entulho ou nas calçadas da cidade. São materiais provenientes de telhados, pisos, armários, rodapés, batentes e portas, e que foram considerados antiquadas, inúteis ou obsoletos. Impregnado de memória e marcas adquiridas no tempo e no uso – quebras, cortes, furos, pintura –, o material é recolhido, estocado, beneficiado e transformado em móveis e objetos.
Essa transformação interessa ao artista como exemplo de uma prática de produção de bens e de vida sustentáveis: trata-se de resgatar e dar novo significado a algo de qualidade que só foi descartado graças à predominância de uma lógica socioeconômica que valoriza exclusivamente o novo. Mas sua pesquisa reverbera em questionamentos mais amplos, como nota a crítica Maria Hirzman em ensaio publicado pela revista Zum: “Artista, fotógrafo e marceneiro, Zocchio vem há tempos enfatizando esse choque criativo entre o virtual e material”. “Afeito às séries, ele lança mão de diferentes recursos compositivos, pesquisas conceituais e estratégias formais para investigar temas como a potência tridimensional da imagem e sua relação com o entorno, a cultura do desperdício e do excesso e o potencial afetivo e transformador da representação.”
Marcelo Zocchio tem obras em coleções públicas importantes, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte de São Paulo e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Entre outras exposições, seu trabalho foi tema das individuais Marcelo Zocchio e a imagem materializada, curadoria de Tadeu Chiarelli (Pinacoteca do Estado, SP, 2016) e Repaisagem (Casa da Imagem, SP, 2011).
Exposição: Somente o Necessário
Artista: Marcelo Zocchio
Abertura: 2 de setembro, a partir das 11 horas
Encerramento: 26 de novembro de 2017
Funcionamento: Terça das 10 às 21, quarta a domingo das 10 às 18 horas
Local: MAC USP Ibirapuera – Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301
Telefone: 11 2648.0254 (recepção) - 11 2648.0258 (educativo)
Entrada gratuita
www.mac.usp.br
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