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  • Extra! Extra!

    Resenha: Fala Comigo

    “Nossa, mas você vai namorar com alguém que tem idade pra ser sua mãe?” ...E aí Felipe Sholl chega com Fala Comigo, o seu novo drama vencedor do Festival do Rio, respondendo essa pergunta com um grande “Por que não?”
    OK, eu quis simplificar, o filme é muito mais complexo do que isso e não acho que a intenção do diretor tenha sido colocar um ponto final nessa questão, mas sim levar o público a refletir sobre ela. Não só sobre ela! Bom, antes de falar mais sobre as intenções do diretor, vamos falar sobre a trama né?

    Conheça Diogo (Tom Karabachian), um jovem de 17 anos que busca prazer ligando para as pacientes de sua mãe, a psicanalista Clarice (Denise Fraga). Obviamente o garoto faz isso escondido de todos até que percebe pelo telefone que há algo de errado com Ângela (Karine Teles), uma mulher de 43 anos que aparentemente pretende tirar a própria vida. O jovem corre para impedi-la e quando a conhece de verdade, um inesperado romance surge.

    A vida na casa de Diogo não anda muito bem, o relacionamento entre sua mãe e seu pai Marcos (Emílio de Mello) vai de mal a pior e o clima frio e melancólico no ambiente atinge a todos, o que serve como um motivo para que o rapaz queira passar cada vez mais tempo com Ângela. Mas, será que um relacionamento entre duas pessoas com idades tão diferentes pode dar certo? O amor vencerá a barreira da idade e do preconceito?

    Um amor inesperado surge entre o jovem Diogo e Ângela. (Foto: Bruno Mello)
    O filme trata de tabus, vários deles. Namorar alguém que tem mais que o dobro de sua idade seria algo aceitável? Se fosse você no lugar da mãe, agiria da mesma maneira? O quanto você pode experimentar coisas novas sem se sentir culpado ou sem ser julgado pela sociedade? Todas essas perguntas e mais algumas surgem quando vemos o relacionamento de Diogo e Ângela tomando forma ou quando vemos Guilherme (Daniel Rangel) sentir algo muito além de amizade por seu amigo Diogo, chegando a “ficar” com o rapaz, mas ainda assim tentando esconder isso dos outros e dele mesmo, sem muito sucesso.

    Eu diria que mais do que o romance que conduz o drama, o filme trata dos problemas causados pela falta de comunicação. Apesar do título “Fala Comigo”, uma das vozes que mais ouvimos durante o longa é a do silêncio, mas não se engane. Ele realmente fala! Em um mundo onde muito se quer falar e ouvir, o silêncio muitas vezes é subestimado junto com suas sutilezas, mas não foi por Felipe Sholl, que mostra através dele os problemas de comunicação que enfrentamos. Muitos closes sem palavras, apenas expressões, nos mostram a realidade dos personagens muito mais do que se estivessem falando alguma coisa. Vemos uma psicanalista, que deve ouvir diversas pessoas para ajuda-las em seus dilemas, e em sua própria casa a família não tem voz. Ela diz saber o que é melhor para o filho, mas seu próprio relacionamento considerado ideal para seus padrões, piora a cada dia por falta de diálogo. E assim acontece com a maioria dos personagens do filme, poderiam viver melhor se se comunicassem melhor.

    Clarice e Marcos: Crise no relacionamento que deveria ser o ideal. (Foto: Bruno Mello) 
    Não há cenas de sexo explícito ou nudez, mas em compensação considerei algumas cenas muito nojentas, ainda que apenas através de expressões dos personagens ou sons... A insinuação por vezes é mais forte que as imagens mostradas diretamente, e uma cena em particular me deixou bem incomodado! Sabe quando você vê algo e só consegue soltar um “eca!” ou “blergh!” Acredito que se você assistir, mesmo que não se incomode como eu, saberá qual é! (Pode até achar normal, vai saber, acho difícil, haha!)

    Na coletiva de imprensa Denise Fraga disse que as pessoas confundem muito diálogo com ritmo, e ela está mais do que certa! (Por falar nela, excelente atuação! Não só dela como de todos, estão de parabéns!) O filme tem um ritmo muito bom! O final é daqueles que te fazem perguntar “e agora?” e isso é muito bom! Uma das características que gosto no cinema francês é essa margem que ele te dá para imaginar diferentes desfechos, tanto para a história principal como para as tramas menores inseridas nela! Esse filme nacional tem essa característica, e o que falei sobre as poucas cenas em que me senti incomodado, não tiram nem um pouco esse mérito. Em um momento em que tanto se fala sobre preconceito, aceitação e respeito (ou a falta dele) o filme é ótimo para fazer refletir, e a reflexão é sempre válida!

    Participei da coletiva de imprensa e foi muito bacana ouvir o elenco falando sobre o filme e os temas tratados nele, você pode conferir no vídeo postado em meu canal:



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